sexta-feira, 14 de julho de 2017

Ensaio Sobre o Processo do Capitão Alfredo Dreyfus

Ensaio Sobre o Processo do Capitão Alfredo Dreyfus
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A Triste História do Capitão Francês Alfredo Dreyfus, Judeu, Acusado e Condenado Injustamente de Traidor.
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A perseguição pela retomada da honra.
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Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves.
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(Baseado no livro “Os Grandes Processos da História XI Volume de Paul Richard – Ano de 1941)
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Evitei nomear os personagens reais, para não aprofundar o trabalho e tornar cansativa a leitura.
Embora o texto seja de minha autoria é baseado no que li, sobre a História do Capitão Dreyfus´.
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Deyfus era um capitão de artilharia do Exercito Francês do Século XIX. Na época existia, entre as potências europeias, uma espécie de ”Paz Armada”, período anterior a Primeira Guerra Mundial.

Era fins de setembro 1894, quando o serviço de contra espionagem da França, por meio de uma serviçal que limpava o escritório da embaixada da Alemanha, na França, recolheu uma  “Minuta” e entregou ao Serviço Secreto da França. O nome da serviçal era Bastian, no entanto, para bem dizer, ainda na Embaixada da Alemanha, trabalhando também como espião a serviço da França, havia um outro espião, tendo como disfarçe a o emprego de porteiro da embaixada.

Nesta “Minuta” estava completa e em detalhe a descrição de armas do exercito francês.

Logo os investigadores chegaram a conclusão que existia um espião, oficial do Exercito Francês a serviço da Alemanha no Estado Maior do Exercito Francês.

Logo de inicio as suspeitas caíram sobre o Capitão Dreyfus, isto devido a semelhança da letra do capitão com a letra utilizada para escrever a minuta de segredos.

Há de se registrar que o Capitão Dreyfus era judeu e vindo de uma família rica e era, ainda, bem casado, vivendo em um lar feliz.

Não bastasse isto o Capitão Dreyfus sempre se mostrou um bom militar e prazeroso nas suas funções.
Após as primeiras investigações, onde não foi apontado outro suspeito, o capitão foi preso incomunicável, a disposição da investigação.

Desde o inicio das acusações o Capitão Dreyfus reclamava ser uma injustiça e que era completamente inocente nas acusações que estava sofrendo.

A sua esposa, Senhora Dreyfus, foi orientada a não dar a notícia de sua prisão a ninguém, nem mesmo a familiares, o irmão Mateus Dreyfus, até o termino das investigações.

Sabe-se lá como, alguns jornalistas descobriram o Caso da Minuta encontrada na Embaixada da Alemanha e a acusação de espionagem contra o Capitão Alfredo Dreyfus
Logo se abriu violenta campanha contra o “suposto” espião, Capitão Dreyfus, com pedidos pela sua cabeça pelo terrivel crime cometido.

Era o Capitão Deyfus, tido como um espião a serviço do Kaiser Alemão, execrado pela maioria das pessoas, preso e expulso do exercito, em uma triste cerimônia de quebra da espada e retirada do fardamento, em frente a tropa, que antes o infeliz, ora expulso, um dia comanda.

Os peritos que examinaram as provas concluíram por 3x2 que a letra da minuta era do Capitão e seria ele o responsável pelo horrendo crime de espionagem.

Não vou entrar em detalhes, pois é longa e cheia de tramas e dramas diversos a História desta investigações.

Houve, no seu decorrer dois duelos, assassinatos e mortes por acidentes diversos, falsificações de provas e um oficial que resolvera investigar por conta própria, pois acreditava na inocência do Capitão, transferido para lugares perigosos nas fronteiras das colonias francesas.

Este era o Comandante Picquart, que, por ironia, o Capitão Dreyfus nunca confiara, e tinha até como adverso.

O Comandante Picquart, no entanto, mostrou-se homem justo e perseguidor da verdade, mesmo que com a busca arriscasse a própria vida, ou o risco de ser igualmente acusado e sacrificado, injustamente, como fora o Capitão Dreyfus.

 E, realmente o Comandante Picquart foi vitima, também, de várias acusações e foi colocado em locais de rico para morrer em objeto de serviço, assim pensava.

Houve, ainda, durante o processo e após dele, falsificações de documentos, envolvimentos suspeitos diversos, fugas de suspeitos para outros países e prostitutas denunciando o verdadeiro criminoso, que nunca foi preso pelo crime.

Houve traições, pois pessoas que o capitão confiava eram os primeiro a tramar contra o capitão, como os comandantes do Capitão Dreyfus.

Houve boas pessoas, como o Poeta Emile Zola que, acreditando na inocência do Capitão Deyfus escreveu o manifesto “Eu Acuso” ao Presidente Francês, sendo este manifesto um documento histórico e campeão de tiragem, na época.

Pessoas que o capitão não confiava, em serviço, acabaram mostrando-se mais honestas e com senso de justiça, pois investigaram de modo isento, como o Coronel  Picquart, que como antes comentei, neste ensaio, foi perseguido e até transferido para as fronteiras, como forma de castigo.

O embaixador da Alemanha, que também era militar de alta patente,  por diversas vezes afirmou que o Capitão Dreyfus jamais espionara direta ou indiretamente a favor da Alemanha, mas, por ser agente de outra potência, a sua palavra não foi levada em conta, no julgamento do Capitão Deyfus.

O Capitão Dreyfus ficou 05 anos na Ilha do Diabo e neste tempo todo foi cruelmente castigado e impedido de falar com alguma pessoa.

Não podia dirigir-se nem a guarda que o guarnecia. Passava as piores privações.

A ele era destinado uma pequena ração para que cozinhar a sua própria alimentação.

Usava para isto uma prancha de metal e velhas panela.
Depois de um certo tempo cozinhava 01 vez por dia.

Escrevia em um diário e lia livros, que lhe eram mandado pela família.

Obs: a família não sabia em qual local o capitão Dreyfus cumpria a sua pena.

E o oficial, neste momento, ex oficial e preso cumpridor de pena mantinha-se de pé e vivo, exclusivamente com a esperança de ter um julgamento honesto e provar a sua inocência, restabelecendo assim a sua honra.

Não falei antes, mas o capitão fora condenado no primeiro juri e estava cumprindo pena perpétua na Ilha do Diábo.

Quando o Coronel Piquart após várias investigações, chegou ao nome do provável criminoso e uniu-se ao Poeta Emili Zola e ao irmão de Deyfus, o Sr Mateus Deyfus, em uma campanha internacional por novo julgamento, o Capitão foi removido, ainda preso, da Ilha do Diabo para a França, após 05 anos de sofrimentos e mal tratos.

Novo julgamento. Novas provas. Novas perícias, mas um grande estigma a ser superado: se o Capitão Deyfus era inocente, então o Excercito, por meio do Juri, era culpado, por ter sentenciado de forma tão cruel a um dos seus oficiais. Era importante o Capitão Deyfus ser condenado novamente, e depois novamente e por tantas e tantas vezes fosse necessário.

O Exercito não poderia ou deveria ficar como criminoso.
E assim foi. Embora com atenuantes, desta vez, o Capitão foi condenado por 5 votos a 2 votos, por seus juízes, agora com atenuantes, devendo regressar a ilha do Diabo, para cumprir os 05 anos restantes, mesmo estando o Capitão em péssimas condições de saúde e o seu retorno a ilha do Diabo certamente era a sua Sentença de Morte.

O Presidente Francês, embora acreditando na inocência do Capitão Deyfus, não desejava criar um atrito com o excercito.

O Parlamento estava dividido entre os que acreditavam na inocência do Capitão e os que não acreditavam, e estes desejavam o pior para o capitão, até o seu regresso e morte na ilha do diabo.

Foi então que o Presidente resolveu oferecer o indulto Capitão Dreyfus, mas se o capitão aceitasse seria como que estivesse reconhecendo a sua culpabilidade e admitindo o crime, seria então indultado e solto, como um gesto benevolente.

Era o drama a Razão e a Justiça.

Entre os que acreditavam no capitão surgiu duas linhas de opiniões.

Algumas pessoas acreditavam que o capitão deveria recusar-se a pedir clemência, para não ficar eternamente com a honra suja e como um espião e traidor, mesmo que isto lhe custasse, permanecer fora do exercito e a morte na Ilha do Diabo.

Outra pessoas, ao contrário, acreditavam que já era hora do Capitão ser liberto, e sossegar, mesmo não conseguindo libertar a sua honra e imagem pessoal.

O irmão do Capitão Deyfus foi ter com o capitão para ter a sua posição.

“Se é para ser libertado eu aceito, e vamos continuar investigando até declararem minha inocência. Preso isto nunca vou conseguir”.
Assim o Capitão foi liberto, pois até os seus adversários, mesmo considerando o Capitão Dreyfus um traidor, aceitaram a medida de clemência como um ato humanitário.

Houve ainda uma anistia, após o indulto, isto em meio a uma ampla discussão no Parlamento Francês.

Em 1906, o Supremo Tribunal da França se reúne e examina novas provas que comprovavam que o Processo das Minutas foi feito por meio de provas falsas, para condenar o Capitão Dreyfus, e, este tribunal  “Anula a sentença do Conselho de Guerra de Renes e Declara que a Sentença da Condenação foi Ditada em Erro e Sem Razão”.

Autoriza ao agora inocente Capitão Dreyfus a sentença em 05 jornais de sua escolha. A sentença não autoriza ao pagamento de indenização pecuniária, o capitão deveria renunciar a este direito.

Dreyfus recebe o Titulo de Cavaleiro da Legião de Honra, e reingressar no exercito, em 12 de Junho de 1906. A cerimônia de re-incorporação e condecoração é na mesma unidade onde, em 1894 o oficial foi desonrado, mas em pátio diferente.

O agora Comandante Dreyfus participou, ainda, em 1917 da Primeira Guerra Mundial, comandando a 168° Divisão, e 1918 uma sessão reserva de artilharia em Orléas.

Alguns fatos ainda estavam para acontecer; em fins de 1916, o General Von Schwartzkoppen, ex embaixador, agora na Guerra a serviço da sua Pátria e do Kaiser Guilherme II adoeçe e vem a falecer, no inicio de 1917.

A viúva do general, - Baronesa de Wendel – encontra os manuscritos que desvendam completamente o Processo da Minuta, era outro o espião...Walsin Esterhay, este era o real espião.
Lembrem que, o embaixador desmentia ser o capitão Deyfus um espião, mas não era ouvido pelos franceses por ser um agente de outra Potência.

Deixo de dar espaço as razões e explicações do espião, pois não vem ao caso.

Amigos, este resumo é pequeno e mal feito, embora tenha dado muito de mim, e fiz este ensaio apenas para mostrar um pouco da linda história de superação de um homem diante das injustiças.

Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
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À esquerda; OS GRANDES PROCESSO DA HISTÓRIA Volume XI - com a cêlebre carta de Emile Zola "EU ACUSO" publicada na integra. 
Autor: Paul Richard 
Edição da Livraria do Globo Em Porto Alegre Ano de 1941 e vendido na época ao preço de 8$000
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À direita o livro "O Julgamento do Capitão DREYFFUS" autor Nicholas Halasz - Editora Prometeu - suposto ano de 1958 (por ter sido autografada em 11/12/1958
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OBS: Os direitos do livro do livro O Julgamento do Capitão DREYFUS, inclusive em língua portuguesa foram adquiridos e o Título do Original "CAPTAIN DREYFUS - The Story of Mass Hysteria - SIMON AND SHUSTER - New York - 1955

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