Ensaio Sobre o Processo do Capitão Alfredo
Dreyfus
*
A Triste História do Capitão Francês Alfredo
Dreyfus, Judeu, Acusado e Condenado Injustamente de Traidor.
*
A perseguição pela retomada da honra.
*
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves.
*
(Baseado no livro “Os Grandes Processos da
História XI Volume de Paul Richard – Ano de 1941)
*
Evitei nomear os personagens reais, para não aprofundar o trabalho e tornar
cansativa a leitura.
Embora o texto seja de minha autoria é
baseado no que li, sobre a História do Capitão Dreyfus´.
*
Deyfus era um capitão de artilharia do Exercito Francês do Século XIX. Na época existia, entre as potências europeias,
uma espécie de ”Paz Armada”, período anterior a Primeira Guerra Mundial.
Era fins de setembro 1894, quando o serviço
de contra espionagem da França, por meio de uma serviçal que limpava o
escritório da embaixada da Alemanha, na França, recolheu uma “Minuta” e entregou ao Serviço Secreto da
França. O nome da serviçal era Bastian, no entanto, para bem dizer, ainda na
Embaixada da Alemanha, trabalhando também como espião a serviço da França,
havia um outro espião, tendo como disfarçe a o emprego de porteiro da
embaixada.
Nesta “Minuta” estava completa e em detalhe a
descrição de armas do exercito francês.
Logo os investigadores chegaram a conclusão
que existia um espião, oficial do Exercito Francês a serviço da Alemanha no
Estado Maior do Exercito Francês.
Logo de inicio as suspeitas caíram sobre o
Capitão Dreyfus, isto devido a semelhança da letra do capitão com a letra
utilizada para escrever a minuta de segredos.
Há de se registrar que o Capitão Dreyfus era judeu e vindo de uma família rica e era, ainda, bem casado, vivendo em um lar
feliz.
Não bastasse isto o Capitão Dreyfus sempre se
mostrou um bom militar e prazeroso nas suas funções.
Após as primeiras investigações, onde não foi
apontado outro suspeito, o capitão foi preso incomunicável, a disposição da
investigação.
Desde o inicio das acusações o Capitão
Dreyfus reclamava ser uma injustiça e que era completamente inocente nas
acusações que estava sofrendo.
A sua esposa, Senhora Dreyfus, foi
orientada a não dar a notícia de sua prisão a ninguém, nem mesmo a familiares,
o irmão Mateus Dreyfus, até o termino das investigações.
Sabe-se lá como, alguns jornalistas
descobriram o Caso da Minuta encontrada na Embaixada da Alemanha e a acusação
de espionagem contra o Capitão Alfredo Dreyfus
Logo se abriu violenta campanha contra o
“suposto” espião, Capitão Dreyfus, com pedidos pela sua cabeça pelo terrivel crime
cometido.
Era o Capitão Deyfus, tido como um espião a
serviço do Kaiser Alemão, execrado pela maioria das pessoas, preso e expulso do
exercito, em uma triste cerimônia de quebra da espada e retirada do fardamento,
em frente a tropa, que antes o infeliz, ora expulso, um dia comanda.
Os peritos que examinaram as provas
concluíram por 3x2 que a letra da minuta era do Capitão e seria ele o
responsável pelo horrendo crime de espionagem.
Não vou entrar em detalhes, pois é longa e
cheia de tramas e dramas diversos a História desta investigações.
Houve, no seu decorrer dois duelos,
assassinatos e mortes por acidentes diversos, falsificações de provas e um
oficial que resolvera investigar por conta própria, pois acreditava na
inocência do Capitão, transferido para lugares perigosos nas fronteiras das
colonias francesas.
Este era o Comandante Picquart, que, por
ironia, o Capitão Dreyfus nunca confiara, e tinha até como adverso.
O Comandante Picquart, no entanto, mostrou-se
homem justo e perseguidor da verdade, mesmo que com a busca arriscasse a própria
vida, ou o risco de ser igualmente acusado e sacrificado, injustamente, como
fora o Capitão Dreyfus.
E,
realmente o Comandante Picquart foi vitima, também, de várias acusações e foi
colocado em locais de rico para morrer em objeto de serviço, assim pensava.
Houve, ainda, durante o processo e após dele,
falsificações de documentos, envolvimentos suspeitos diversos, fugas de suspeitos
para outros países e prostitutas denunciando o verdadeiro criminoso, que nunca
foi preso pelo crime.
Houve traições, pois pessoas que o capitão
confiava eram os primeiro a tramar contra o capitão, como os comandantes do
Capitão Dreyfus.
Houve boas pessoas, como o Poeta Emile Zola
que, acreditando na inocência do Capitão Deyfus escreveu o manifesto “Eu Acuso”
ao Presidente Francês, sendo este manifesto um documento histórico e campeão de
tiragem, na época.
Pessoas que o capitão não confiava, em serviço, acabaram mostrando-se mais honestas e com senso de justiça, pois investigaram de modo isento, como o
Coronel Picquart, que como antes
comentei, neste ensaio, foi perseguido e até transferido para as fronteiras,
como forma de castigo.
O embaixador da Alemanha, que também era
militar de alta patente, por diversas
vezes afirmou que o Capitão Dreyfus jamais espionara direta ou indiretamente a
favor da Alemanha, mas, por ser agente de outra potência, a sua palavra não foi
levada em conta, no julgamento do Capitão Deyfus.
O Capitão Dreyfus ficou 05 anos na Ilha do
Diabo e neste tempo todo foi cruelmente castigado e impedido de falar com
alguma pessoa.
Não podia dirigir-se nem a guarda que o
guarnecia. Passava as piores privações.
A ele era destinado uma pequena ração para
que cozinhar a sua própria alimentação.
Usava para isto uma prancha de metal e velhas
panela.
Depois de um certo tempo cozinhava 01 vez por
dia.
Escrevia em um diário e lia livros, que lhe
eram mandado pela família.
Obs: a família não sabia em qual local o
capitão Dreyfus cumpria a sua pena.
E o oficial, neste momento, ex oficial e
preso cumpridor de pena mantinha-se de pé e vivo, exclusivamente com a
esperança de ter um julgamento honesto e provar a sua inocência, restabelecendo assim a sua honra.
Não falei antes, mas o capitão fora condenado
no primeiro juri e estava cumprindo pena perpétua na Ilha do Diábo.
Quando o Coronel Piquart após várias
investigações, chegou ao nome do provável criminoso e uniu-se ao Poeta Emili
Zola e ao irmão de Deyfus, o Sr Mateus Deyfus, em uma campanha internacional
por novo julgamento, o Capitão foi removido, ainda preso, da Ilha do Diabo para
a França, após 05 anos de sofrimentos e mal tratos.
Novo julgamento. Novas provas. Novas
perícias, mas um grande estigma a ser superado: se o Capitão Deyfus era
inocente, então o Excercito, por meio do Juri, era culpado, por ter sentenciado
de forma tão cruel a um dos seus oficiais. Era importante o Capitão Deyfus ser
condenado novamente, e depois novamente e por tantas e tantas vezes fosse
necessário.
O Exercito não poderia ou deveria ficar como
criminoso.
E assim foi. Embora com atenuantes, desta
vez, o Capitão foi condenado por 5 votos a 2 votos, por seus juízes, agora com
atenuantes, devendo regressar a ilha do Diabo, para cumprir os 05 anos
restantes, mesmo estando o Capitão em péssimas condições de saúde e o seu
retorno a ilha do Diabo certamente era a sua Sentença de Morte.
O Presidente Francês, embora acreditando na
inocência do Capitão Deyfus, não desejava criar um atrito com o excercito.
O Parlamento estava dividido entre os que
acreditavam na inocência do Capitão e os que não acreditavam, e estes desejavam
o pior para o capitão, até o seu regresso e morte na ilha do diabo.
Foi então que o Presidente resolveu oferecer
o indulto Capitão Dreyfus, mas se o capitão aceitasse seria como que estivesse
reconhecendo a sua culpabilidade e admitindo o crime, seria então indultado e
solto, como um gesto benevolente.
Era o drama a Razão e a Justiça.
Entre os que acreditavam no capitão surgiu
duas linhas de opiniões.
Algumas pessoas acreditavam que o capitão
deveria recusar-se a pedir clemência, para não ficar eternamente com a honra
suja e como um espião e traidor, mesmo que isto lhe custasse, permanecer fora
do exercito e a morte na Ilha do Diabo.
Outra pessoas, ao contrário, acreditavam que
já era hora do Capitão ser liberto, e sossegar, mesmo não conseguindo libertar
a sua honra e imagem pessoal.
O irmão do Capitão Deyfus foi ter com o
capitão para ter a sua posição.
“Se é para ser libertado eu aceito, e vamos
continuar investigando até declararem minha inocência. Preso isto nunca vou
conseguir”.
Assim o Capitão foi liberto, pois até os seus
adversários, mesmo considerando o Capitão Dreyfus um traidor, aceitaram a medida
de clemência como um ato humanitário.
Houve ainda uma anistia, após o indulto, isto
em meio a uma ampla discussão no Parlamento Francês.
Em 1906, o Supremo Tribunal da França se
reúne e examina novas provas que comprovavam que o Processo das Minutas foi
feito por meio de provas falsas, para condenar o Capitão Dreyfus, e, este
tribunal “Anula a sentença do Conselho
de Guerra de Renes e Declara que a Sentença da Condenação foi Ditada em Erro e
Sem Razão”.
Autoriza ao agora inocente Capitão Dreyfus a
sentença em 05 jornais de sua escolha. A sentença não autoriza ao pagamento de
indenização pecuniária, o capitão deveria renunciar a este direito.
Dreyfus recebe o Titulo de Cavaleiro da
Legião de Honra, e reingressar no exercito, em 12 de Junho de 1906. A cerimônia
de re-incorporação e condecoração é na mesma unidade onde, em 1894 o oficial
foi desonrado, mas em pátio diferente.
O agora Comandante Dreyfus participou, ainda,
em 1917 da Primeira Guerra Mundial, comandando a 168° Divisão, e 1918 uma
sessão reserva de artilharia em Orléas.
Alguns fatos ainda estavam para acontecer; em
fins de 1916, o General Von Schwartzkoppen, ex embaixador, agora na Guerra a
serviço da sua Pátria e do Kaiser Guilherme II adoeçe e vem a falecer, no
inicio de 1917.
A viúva do general, - Baronesa de Wendel –
encontra os manuscritos que desvendam completamente o Processo da Minuta, era
outro o espião...Walsin Esterhay, este era o real espião.
Lembrem que, o embaixador desmentia ser o
capitão Deyfus um espião, mas não era ouvido pelos franceses por ser um agente
de outra Potência.
Deixo de dar espaço as razões e explicações
do espião, pois não vem ao caso.
Amigos, este resumo é
pequeno e mal feito, embora tenha dado muito de mim, e fiz este ensaio apenas
para mostrar um pouco da linda história de superação de um homem diante das
injustiças.
Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
]
À esquerda; OS GRANDES PROCESSO DA HISTÓRIA Volume XI - com a cêlebre carta de Emile Zola "EU ACUSO" publicada na integra.
Autor: Paul Richard
Edição da Livraria do Globo Em Porto Alegre Ano de 1941 e vendido na época ao preço de 8$000
*
À direita o livro "O Julgamento do Capitão DREYFFUS" autor Nicholas Halasz - Editora Prometeu - suposto ano de 1958 (por ter sido autografada em 11/12/1958
*
OBS: Os direitos do livro do livro O Julgamento do Capitão DREYFUS, inclusive em língua portuguesa foram adquiridos e o Título do Original "CAPTAIN DREYFUS - The Story of Mass Hysteria - SIMON AND SHUSTER - New York - 1955