O espetáculo
da neve em Porto Alegre
Texto de
Magda Achutti
Livro Rio Grande do Sul – Um Século de História
Volume 2 – Páginas 651 e 652
As rádios da
Capital gaúcha anunciavam tempo nublado, com chuvas e neve. Incrédulas, as
pessoas começaram a sair às ruas para conferir. Pelo rádio, por telefone, a
notícia correu rápido. As janelas foram abertas e, apesar do mau tempo, muita
gente foi assistir ao inesperado espetáculo. Ninguém mais vai esquecer o gélido
dia 24 de agôsto de 1984. Era verdade; nevava em Porto Alegre.
Por volta
das 15h30min daquela sexta-feira, chovia e fazia frio. De repente, floquinhos
brancos e gelados começaram a cair do céu. A população ficou surpresa e feliz.
Afinal, desde 1909 não nevava na Capital – data em que também começou a ser feito
um acompanhamento oficial dos fenômenos meteorológicos.
Tão
surpresos como a população ficaram os técnicos do Oitavo Distrito de
Meteoroligia, que nunca haviam visto algo semelhante em Porto Alegre. Tanto que
deram informações desencontradas sobre o fenômeno Climático. Alguns garantiam
que era neve. Outros diziam tratar-se de escarcha, ou seja, pingos de chuva que
congelam no ar. Mas a população preferiu acreditar na hipótese dos que
afirmaram ser mesmo neve, provocada por uma rara combinação de condições
naturais. Uma massa polar intensa vinda do sul da Argentina causou a queda da
temperatura, nebulosidade e cobertura total do céu.
Todos os
meteologistas, no entanto, concordaram que naquele dia nevou em cerca de 30
municípios gaúchos. Santa Maria, Encruzilhada do Sul, Santa Cruz, Canguçu,
Pinheiro Machado e Júlio de Castilhos, entre outros, ficaram coberto de branco.
Na Capital,
a neve foi mais intensa no bairro Teresópolis, mas os flocos brancos dançaram
também no Centro. Caíram firmes das 15h30min até as 18h. Em alguns lugares, a
camada de neve chegou a accumular de 10 a 20 centímetros. Em outros locais da
cidade, flutuaram ao sabor dos ventos.
A neve
branqueou desde os telhados das casinhas do Morro da Embratel até as casas,
calçadas, àrvores e carros estacionados nas partes mais altas dos bairros
Teresópolis, Glória, Medianeira, Belém Novo, Alto Teresópolis, Vila Cruzeiro do
Sul e Morro da Cruz.
Na Rua da
Praia, desprevenidos, mas eufóricos, uns poucos privilegiados porto-alegrenses
presenciaram o espetáculo. Ninguém se queixou do frio e durante 10 minutos a
Rua da Praia parou para ver a neve que caia misturada com a chuva e por isso
sumia assim que tocava o solo.
Em todas
esquinas o assunto era o mesmo. E muitas pessoas relutavam em seguir o seu caminho,
preferindo ficar debaixo das marquises dos edifícios esperando a neve, que para
frustração geral não voltou mais a cair. (Magda Achutti)
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