sábado, 23 de agosto de 2025

Neve em Porto Alegre em 1984

 

O espetáculo da neve em Porto Alegre

Texto de Magda Achutti

Livro Rio Grande do Sul – Um Século de História
Volume 2 – Páginas 651 e 652

As rádios da Capital gaúcha anunciavam tempo nublado, com chuvas e neve. Incrédulas, as pessoas começaram a sair às ruas para conferir. Pelo rádio, por telefone, a notícia correu rápido. As janelas foram abertas e, apesar do mau tempo, muita gente foi assistir ao inesperado espetáculo. Ninguém mais vai esquecer o gélido dia 24 de agôsto de 1984. Era verdade; nevava em Porto Alegre.

Por volta das 15h30min daquela sexta-feira, chovia e fazia frio. De repente, floquinhos brancos e gelados começaram a cair do céu. A população ficou surpresa e feliz. Afinal, desde 1909 não nevava na Capital – data em que também começou a ser feito um acompanhamento oficial dos fenômenos meteorológicos.

Tão surpresos como a população ficaram os técnicos do Oitavo Distrito de Meteoroligia, que nunca haviam visto algo semelhante em Porto Alegre. Tanto que deram informações desencontradas sobre o fenômeno Climático. Alguns garantiam que era neve. Outros diziam tratar-se de escarcha, ou seja, pingos de chuva que congelam no ar. Mas a população preferiu acreditar na hipótese dos que afirmaram ser mesmo neve, provocada por uma rara combinação de condições naturais. Uma massa polar intensa vinda do sul da Argentina causou a queda da temperatura, nebulosidade e cobertura total do céu.

Todos os meteologistas, no entanto, concordaram que naquele dia nevou em cerca de 30 municípios gaúchos. Santa Maria, Encruzilhada do Sul, Santa Cruz, Canguçu, Pinheiro Machado e Júlio de Castilhos, entre outros, ficaram coberto de branco.

Na Capital, a neve foi mais intensa no bairro Teresópolis, mas os flocos brancos dançaram também no Centro. Caíram firmes das 15h30min até as 18h. Em alguns lugares, a camada de neve chegou a accumular de 10 a 20 centímetros. Em outros locais da cidade, flutuaram ao sabor dos ventos.

A neve branqueou desde os telhados das casinhas do Morro da Embratel até as casas, calçadas, àrvores e carros estacionados nas partes mais altas dos bairros Teresópolis, Glória, Medianeira, Belém Novo, Alto Teresópolis, Vila Cruzeiro do Sul e Morro da Cruz.

Na Rua da Praia, desprevenidos, mas eufóricos, uns poucos privilegiados porto-alegrenses presenciaram o espetáculo. Ninguém se queixou do frio e durante 10 minutos a Rua da Praia parou para ver a neve que caia misturada com a chuva e por isso sumia assim que tocava o solo.

Em todas esquinas o assunto era o mesmo. E muitas pessoas relutavam em seguir o seu caminho, preferindo ficar debaixo das marquises dos edifícios esperando a neve, que para frustração geral não voltou mais a cair. (Magda Achutti)


















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