No meu mal escrito
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
A noite não me inspira a poesia,
perdi aquele frêmito encantador,
deitei meu coração na melancolia,
hoje vivo a noite em tom desolador.
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Outrora fui cuera danado em picardia,
cantava a namorada canções d’amor,
artista nos lábios, mas sem malícia,
sorria pra vida, alegre e cantador.
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As marcas da noite forjaram a biografia,
deste crioulo patrício e campeador,
gaudério de quatro costados, na melodia
cantava a prenda uma trova sem dor.
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Nunca fui capilé que da briga fugia,
embarcava em todas valente e lutador,
nunca fui dado a baixeza ou covardia,
gaúcho da guaiaca sem prata, mas lutador.
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Velho chimango e guapo, hoje lembro todo dia
da china ditosa que um dia ofereci uma flor,
morocha bela, que vive em minha nostalgia,
fez parte de mim, levou meus "pilas" sem dor.
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Hoje me fiz guaipeca aposentado na moradia
xiru folgado, balaqueiro, vivente e sesteador
só levo comigo um caderno fino e borrador
escrevo o que penso sem pensar em boa grafia.
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Se pensam em ler minha poesia,
no mal escrito verão minha dor.