quinta-feira, 19 de junho de 2014

Inconstante

Inconstante
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
Eu sei que sou inconstante,
mudo a cada segundo
vivo em eterna variante.
Metade de mim são as dores do mundo
oprime no peito as incerteza,
estanca as alegrias, nuvens escuras,
vendaval de sofrimentos e quimeras perdidas.
Sou segmento oprimido, cansado, dor profunda
que vago no deserto solitário, estéril e frio.
Na janela o sol do entardecer é noite sem fim,
choro de criança solitária
cuja mãe partiu pra gandaia
ou, talvez, tropeço do vivo morto
rolando no esgoto.
Olhar pedinte do sem teto roto
esgualepado, cansado e desanimado,
interrompido no seu sonho de andar
com a cabeça erguida,
sem alegria na vida
sem um lugar pra morar.
Metade de mim são as dores do mundo.
A outra parte é alegria das coisas mais belas,
aquelas, as mais secretas e discretas
ou as mais abertas e sinceras.
É o amanhecer de um dia luminoso
radioso de luz.
Acalento em alegrias e flores,
a noite sombria passou
resta agora a alegria
do raiar de um novo dia.
A vida se faz jus
com novos horizontes a vista
terras distantes e conquistas,
talvez até novos amores.
E, assim, as vezes indolente,
inseguro e antipático,
adverso a todos, ao mundo,
outras vezes diferente
maduro, simpático
amigo de toda a gente.
Metade de mim carrega as dores do mundo
a outra leva aquelas as mais belas,
juntas e separadas, num momento, num segundo.
Inconstante,
no mundo viajante.

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