Fica tudo no ar
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
Ao anoitecer, como se fosse obra do acaso,
no céu em tenuidade o avião flutua,
na densa imagem enuviada do ocaso,
sem a presença de astros e nem da lua.
.
O papel reclama a falta da letra consoladora;
a pena em uma aresta da mesa vazia,
espera, quem sabe, uma alma sonhadora,
que fie um verso para o inicio da poesia.
.
E os vagos do Destinos, livres e desimpedidos,
esvoaçavam, perdulários e soltos, em volta,
sem ninguém para cobrar o fado esquecido,
que, a margem de tudo, seguia em má escolta.
.
Deprecie quem pensa que o poeta é fabricante,
não há sempre a margem para o vento tocar,
não haverá eternamente um brilho flamante,
às vezes o verso não sai e fica tudo no ar.
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