Cheiro de capim
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
Afronta a dignidade humana
este julgo tirano, déspota e injusto;
é o crime audaz que se agiganta.
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Forasteiro da noite escura,
madrugada a dentro
perdido e inconsequente,
com alma mundana,
vitima da vil sina mortal,
és só mais um pobre inocente.
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Imprudente, teu fim é fatal,
visto que não és imortal
encontrarás em uma esquina
um terrível marginal,
dono da marca e da tua sina.
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Olhos profundos e vermelhos
na mão a lança pontuda,
gládio do mal, usada por um animal.
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Triste arma romana, afiada e letal
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É desumano
olhar o irmão caído na calçada,
drogado, dormente e amargurado.
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Pior e ver o infortunado
inerte e indolente
com a vida ceifada.
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Não há descanso na fachada,
só a entrega da alma penada,
na mão de um traficante sacana.
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É irreal este estado de coisas;
janela de casa gradeada,
no varal a roupa roubada
um rádio virando fumaça
cheiro de pó, droga malvada.
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Nem penso mais em mim,
dei de ombros, não sou forasteiro,
fui da noite, mas era seresteiro.
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Penso na gente abandonada
vagando em noite soturna
ruela, calçadas e cheiro de capim.
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