Um grito no entrevero
Autor: Luiz Alberto Quadros Gonsalves, o Poeta Sem Talento
Na parede um retrato amarelado pelo tempo...
no rosto uma lágrima pingo de neve
é dor n'alma e não há quem negue,
dias de glórias, dias de sofrimento e peleia,
lembrança dos tempos pra lá de idos,
da crava e do grosso estampido
o grito, o alvoroço e a coisa que fica feia.
Era o grito carregado pelo minuano,
o grito de um índio maragato com cara de mau
ou de um ximango em seu quepe pica pau.
Trina ao longe o clarim,
o gaúcho com o lenço no pescoço
na cabeça a imagem da companheira
a prenda chorando, despedindo de mim,
fui incorporado na tropa do coronel,
indo sem delonga lutar na ribanceira
aribeirado ali, pertinho do céu.
Era o grito carregado pelo minuano,
o grito de um índio maragato com cara de mau
ou de um ximango em seu quepe pica pau.
Entrevero em desabalada açoiteira,
uma carga de cavalheiro bagual,
e o inimigo logo se agiganta,
porque o gaúcho é tudo igual.
Era o grito carregado pelo minuano,
o grito de um índio maragato com cara de mau
ou de um ximango em seu quepe pica pau.
Maragato de quatro costado,
ou ximango defendendo a guarida
não importa...
depois da guerra vão todos pra lida.
Era o grito carregado pelo minuano,
o grito de um índio maragato com cara de mau
ou de um ximango em seu quepe pica pau.
O taura aguenta o repuxo,
bom gaúcho não foge da luta,
ainda mais quando a peleia tá torta.
Era o grito carregado pelo minuano,
o grito de um índio maragato com a cara de mau
ou de um ximango em seu quepe pica pau.

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